Pensando nisso os alunos do curso de pedagogia das Faculdades Guarulhos, entre eles essa que vos fala, elaboraram uma cena de Teatro Fórum, técnica do teatrólogo brasileiro Augusto Boal que permite a participação da platéia como ator dentro do processo da cena propondo a solução do problema apresentado, que neste caso foi a "Função e Consolidação dos Conselhos Escolares".
A discussão provocada pela cena foi bastante proveitosa e envolveu a participação de alunos e professores em torno do tema proposto, sob a orientação da professora Ms. Maria Cecília Jorge.
O Teatro Fórum é uma técnica que pertence ao método de
Teatro do Oprimido criado pelo ator, dramaturgo e teatrólogo brasileiro Augusto
Boal, que propunha com essa técnica uma maior participação da plateia na
discussão dos problemas sociais apresentados nas cenas tirando–os da condição
comum de espectador e colocando-os na condição de espect-ator, que é aquele que discute os problemas e propõe
soluções.
A técnica de Teatro Fórum pertence ao
arsenal do Teatro do Oprimido e é a mais conhecida em toda a América Latina. Na
escola, como em todos os lugares, é importante ferramenta pedagógica à medida
que possibilita a discussão dos mais diversos temas por todos os participantes,
sejam atores ou espect-atores.
ROTEIRO
PARA TEATRO FÓRUM
Cena: Reunião
do Conselho Escolar
Pauta:
Pintura do muro escolar
Personagens:
Professora
Flavia
Professora
Renata
Funcionário
da escola Sr. Lino
Daniel,
pai de aluno
Cris,
mãe de aluno
Diretora
Silvia
Sala de reunião. Todos sentados. Professora Flávia pergunta enquanto mexe
no celular.
Flávia: Posso saber o que
estamos fazendo aqui?
Renata: Reunião do conselho
escolar né? Lembra que a escola tem um?
Flávia faz cara feia e continua no celular. Mãe de aluno questiona.
Cris: Essa reunião é pra gente
discutir os problemas da escola não é?
Sílvia, a diretora, até então ocupada com os papeis interrompe.
Silvia: Nada disso! Só preciso
que assine o cheque para a pintura do muro.
Professora Renata começa a falar ironicamente sobre o Conselho Escolar,
desafiando a postura autoritária da diretora.
Renata: O conselho escolar é
um órgão colegiado, composto por representantes da comunidade e da comunidade
escolar.
A diretora começa a ficar muito impaciente e tenta interromper, mas a
professora continua.
Renata: É o conselho escolar
que desempenha um papel importante de garantir que a comunidade participe da
gestão escolar, isso é uma gestão democrática!
Funcionário da escola, Sr. Lino interrompe.
Lino: Participar do que? Esse
rebanho de marginais na minha época não tinha essas palhaçadas era todo mundo
na linha!
Cris: Marginais não! Você está
falando dos nossos filhos.
Cris cutuca o pai Daniel que nem lhe da atenção
Cris: Eu só quero participar,
quero propor soluções pros problemas dessa escola, são meus filhos que estudam aqui,
e os seu também senhor.
Daniel: Tá, tá, mas está
acabando? Eu preciso trabalhar.
Professora Renata volta a falar sobre o Conselho Escolar, dessa vez
ressaltando suas funções.
Renata: Tem a função deliberativa,
consultiva, fiscal e mobilizadora. Vejam o poder que tem o conselho escolar.
A diretora interrompe furiosa.
Silvia: Chega professora! A
senhora está perturbando a ordem dessa reunião, que é somente para assinar um
cheque! Não venha com suas ideias.
Renata engole seco e percebe o olhar ameaçador da diretora, cala-se.
Cris: Mas o que as crianças estão
aprendendo, vejo que algumas que conheço estão com dificuldades para ler. Não
seria o caso de fazer uma sala de leitura, uma feira de livros...
Funcionário, Sr. Lino interrompe.
Lino: Na minha época não tinha
isso, esse povo que não quer nada com a vida.
Renata: Estão vendo isso é
falta de participação da comunidade na construção do PPP, se a gente não ouve a
comunidade como vamos saber do que precisam.
Lino: Precisam é de Ditadura
Militar!
Flávia sai do celular.
Flávia: É isso aí! Eu concordo
com tudo que vocês decidirem.
Daniel: Decide logo gente eu
quero ir embora.
Renata tenta falar, mas Silvia bate na mesa e a impede.
Silvia: Chega! Quem deve
assinar o cheque é o tesoureiro, faça logo o que tem que fazer.
Renata tenta falar.
Silvia: Não professora passa
depois na minha sala para conversarmos.
Cris: Mas eu sou obrigada a
assinar esse cheque?
Silvia: A senhora é a tesoureira,
assine, por favor.
Cris: Nossa Sílvia como você
mudou, nós fizemos a quarta série juntas!
Sílvia: Pois é que pena pra
mim, vamos assine logo esse cheque.
Cris: Mas eu queria...
Silvia: Só a assinatura!
Derrotada a mãe assina o cheque.
Neste momento da encenação
inicia-se o Fórum com a plateia que poderá intervir na cena, substituindo os
personagens da Mãe e da Professora Renata (as oprimidas) para propor soluções
que rompam a opressão apresentada na cena, com a orientação do Curinga.
Referências
·
Caderno 1 – Conselhos Escolares: Democratização da
escola e construção da cidadania. MEC;
·
Cartilha Conselho de Escola. Governo do Estado de
São Paulo – Secretaria da Educação.
·
CANDA, Cilene – Paulo Freire e Augusto Boal:
Diálogos entre educação e teatro. Artigo publicado na Revista Holos, ano 28,
vol.4, ano 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário