domingo, 15 de maio de 2016

Livro: Entre a Ciência e a Sapiência - Rubem Alves.

          





      A escola, como a pensamos hoje, tem por objetivo formar cidadãos, essa ideia abre muitos caminhos sobre a prática do professor e principalmente nos convida a refletir sobre o que é necessário para formar um cidadão. Muitas coisas estão implicadas aí e sem dúvida o conhecimento científico é uma delas, os alunos precisam se relacionar com os conceitos, com as matérias, enfim com o saber. Porém para se formar cidadãos talvez seja preciso um pouco mais do que a pureza de conceitos, pensados, investigados, mas também seja necessário o frescor da vida, falar de coisas que não são necessariamente medidas pela ciência, mas pela vivência, pelo prazer de ser humano. E por que isso é necessário? Podemos dizer que essa pessoa não está parada no mundo científico, ela está dentro de uma realidade que muda constantemente e que pede dela muito mais do que uma resposta conceitual, mas muitas vezes uma resposta generosa, respeitosa, solidária e ética. Ciência é um conjunto de ideias sistematizadas, estudadas, conceituais, sapiência é a sabedoria do ser humano sobre a vida, sobre as coisas do mundo e elas devem andar juntas cada uma com seu valor para atingirmos o objetivo.
            Rubem Alves afirma que somos seduzidos pela imagem, pelo som, pela beleza e que isso é provado pela mídia que seduz e “educa” muito dos pensamentos correntes na sociedade, tomo, por exemplo, as propagandas de refrigerantes e fast foods, ali é sempre um belo cenário com atores belos e magros que mostram como é gostoso o sabor do que consomem e como é legal e popular consumir aquele produto. O Brasil vive um momento grave no que diz respeito à obesidade infantil e as implicações que ela traz, seduzidos pela propaganda as crianças desejam o consumo desses alimentos e os pais sem meios de se defender disso, cedem. Nas embalagens estão os conhecimentos científicos sobre o que está sendo consumido, em letras pequenas e com nomenclaturas difíceis, de modo a não perceber que carboidrato é igual a açúcar.
            Mas se vivemos numa sociedade midiática como podemos nos colocar em local seguro a essa sedução muitas vezes perniciosa? A escola tem esse poder. A prática do professor deve então ser diferenciada? Devemos pensar no que a escola tem feito para seduzir os alunos de forma a dar-lhes prazer no ato de aprender, leituras obrigatórias, extensos relatórios, provas assustadoras, nada disso parece sedutor. Pensando nisso a prática docente deve assumir um caráter de proximidade ao seu público, propondo vivências, discussões e leituras pelo simples prazer de ler, sem a obrigatoriedade de fazer um documento sobre, se necessário for que se peçam as impressões sobre a leitura, mas que seja de forma envolvente, existem muitos meios de se fazer isso basta quebrar um pouco essa ideia tradicional de que só se aprende com profunda seriedade, aprendemos também e muito mais com a brincadeira, e ela também tem sua seriedade, suas regras.

            O homem só aprende a ser homem no convívio social, na troca de experiências e essas não são só de caráter científico mas também de vida. Trazer esse pensamento para a sala de aula enriquece e potencializa o processo de aprendizagem colocando o professor no lugar de referência não só para o conhecimento técnico que possui, mas para, além disso, o seu conhecimento de vida, a sua postura como ser humano, neste convívio quantas coisas não podemos aprender como alunos e professores? 

Referências

Rubem Alves – Entre a Ciência e a Sapiência O Dilema da Educação – Edições Loyola – 2006

Documentário – Muito Além do Peso – Estela Renner https://www.youtube.com/watch?



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