A
escola, como a pensamos hoje, tem por objetivo formar cidadãos, essa ideia abre
muitos caminhos sobre a prática do professor e principalmente nos convida a
refletir sobre o que é necessário para formar um cidadão. Muitas coisas estão
implicadas aí e sem dúvida o conhecimento científico é uma delas, os alunos
precisam se relacionar com os conceitos, com as matérias, enfim com o saber.
Porém para se formar cidadãos talvez seja preciso um pouco mais do que a pureza
de conceitos, pensados, investigados, mas também seja necessário o frescor da
vida, falar de coisas que não são necessariamente medidas pela ciência, mas
pela vivência, pelo prazer de ser humano. E por que isso é necessário? Podemos
dizer que essa pessoa não está parada no mundo científico, ela está dentro de
uma realidade que muda constantemente e que pede dela muito mais do que uma
resposta conceitual, mas muitas vezes uma resposta generosa, respeitosa,
solidária e ética. Ciência é um conjunto de ideias sistematizadas, estudadas,
conceituais, sapiência é a sabedoria do ser humano sobre a vida, sobre as
coisas do mundo e elas devem andar juntas cada uma com seu valor para
atingirmos o objetivo.
Rubem
Alves afirma que somos seduzidos pela imagem, pelo som, pela beleza e que isso
é provado pela mídia que seduz e “educa” muito dos pensamentos correntes na
sociedade, tomo, por exemplo, as propagandas de refrigerantes e fast foods, ali
é sempre um belo cenário com atores belos e magros que mostram como é gostoso o
sabor do que consomem e como é legal e popular consumir aquele produto. O
Brasil vive um momento grave no que diz respeito à obesidade infantil e as
implicações que ela traz, seduzidos pela propaganda as crianças desejam o
consumo desses alimentos e os pais sem meios de se defender disso, cedem. Nas
embalagens estão os conhecimentos científicos sobre o que está sendo consumido,
em letras pequenas e com nomenclaturas difíceis, de modo a não perceber que
carboidrato é igual a açúcar.
Mas
se vivemos numa sociedade midiática como podemos nos colocar em local seguro a
essa sedução muitas vezes perniciosa? A escola tem esse poder. A prática do
professor deve então ser diferenciada? Devemos pensar no que a escola tem feito
para seduzir os alunos de forma a dar-lhes prazer no ato de aprender, leituras
obrigatórias, extensos relatórios, provas assustadoras, nada disso parece
sedutor. Pensando nisso a prática docente deve assumir um caráter de
proximidade ao seu público, propondo vivências, discussões e leituras pelo
simples prazer de ler, sem a obrigatoriedade de fazer um documento sobre, se
necessário for que se peçam as impressões sobre a leitura, mas que seja de
forma envolvente, existem muitos meios de se fazer isso basta quebrar um pouco
essa ideia tradicional de que só se aprende com profunda seriedade, aprendemos
também e muito mais com a brincadeira, e ela também tem sua seriedade, suas
regras.
O
homem só aprende a ser homem no convívio social, na troca de experiências e
essas não são só de caráter científico mas também de vida. Trazer esse
pensamento para a sala de aula enriquece e potencializa o processo de
aprendizagem colocando o professor no lugar de referência não só para o
conhecimento técnico que possui, mas para, além disso, o seu conhecimento de
vida, a sua postura como ser humano, neste convívio quantas coisas não podemos
aprender como alunos e professores?
Referências
Rubem
Alves – Entre a Ciência e a Sapiência O Dilema da Educação – Edições Loyola –
2006
Documentário
– Muito Além do Peso – Estela Renner https://www.youtube.com/watch?
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